No corte de cana, utiliza-se um sistema de pagamento por produ-
ção que enquadra toda a atividade dos trabalhadores, tornan-
do-se a mais penosa.
Neste sistema, teoricamente, quanto mais se corta mais se ganha. A
avaliação da quantidade de cana cortada pelos trabalhadores é, portanto, seu
ponto nevrálgico. Ela é feita por meio de um complicado sistema de medidas
que será descrito a seguir.
Medição da cana cortada
A primeira etapa da medição da cana cortada é realizada por um tra-
balhador que se chama “medidor”. Na região de Araraquara, ela é feita por
meio de um compasso de dois metros de raio, que vai sendo rodado no solo e percorrendo toda a rua.
Há dois sistemas diferentes para se fazer a medição da cana cortada: o
metro corrido ou “metrão” e o “metrinho”
.
No metrão, utilizado principalmente nos eitos de 5 ruas, o medidor mede apenas uma rua do eito — a terceira — onde se amontoa a cana cortada.
Por exemplo, se uma rua tem 100 metros e o eito tem 5 ruas, a medida do eito
é de 100 metros. No sistema de metrinho, utilizado em geral nos eitos com mais de 5 ruas, a medição é feita na terceira rua e o seu valor é multiplicado pelo núme-
ro de ruas do eito. Por exemplo, se uma rua tem 100 metros e o eito tem 6 ruas,a medição será de 600 metrinhos.
No final da rua de medição há uma cana em pé na qual o cortador mar-
ca o seu número, identificando que ele é o responsável por ela:
Corta uma cana, finca no chão e põe lá o seu número. Então, com o próprio barro da terra — a gente não tem lápis, não tem nada para marcar — a gente pega um
pedacinho de barro, descasca a cana no meio e marca.
A medição pode ser acompanhada pelo cortador mas, em geral, isto
não acontece:
A maioria [dos medidores] começa a medir conforme vai acabando o eito... Ele espera uma quantidade boa de pessoas cortarem, terminar o eito para depois vir medindo...
É por isso que tem que ter o número na cana, porque às vezes a pessoa não está no eito.
Após a medição, o medidor anota em um papel o número e a metragem de cada trabalhador:
número cinco, 300 metros, naquele dia tal. Esta folha se chama pirulito. Em algumas usinas os trabalhadores ficam com uma cópia do piruli-
to, em outras não. É a partir destas anotações que se vai pagar o trabalhador.
This post was made using the Auto Blogging Software from WebMagnates.org This line will not appear when posts are made after activating the software to full version.
Nenhum comentário:
Postar um comentário